Educação
Depois do temporal, o improviso para manter as aulas
Escola Elmar da Silva Costa, no Capão do Leão, ainda não começou as obras para refazer o telhado; enquanto isso, até um terceiro turno precisou ser criado
Gabriel Huth -
Mais de 40 dias depois do temporal do final de setembro, as obras ainda não começaram na Escola Municipal Professor Elmar da Silva Costa, no bairro Jardim América, no Capão do Leão. A expectativa é de que nos próximos dias fique definido qual empresa irá responder pela construção do novo telhado. Com parte das telhas arrancadas e do forro comprometido, todos os ambientes do andar superior precisaram deixar de ser usados. O jeito foi apelar ao improviso e à readequação de espaços. Tudo para manter as atividades do terceiro trimestre aos cerca de 500 estudantes.
As 36 crianças de pré-escola deixaram o prédio; passaram a contar com a parceria da Organização Não Governamental (ONG) Semear, já que em função do mobiliário não poderiam dividir sala com alunos do Ensino Fundamental. No 6º e no 8º Anos houve unificação de turmas. E até um terceiro turno precisou ser criado, com aulas que avançam no que seria a hora de almoço, das 11h às 14h.
"Mesmo não sendo a condição ideal, os professores estão fazendo o máximo esforço para desenvolver os conteúdos em intervalos mais curtos", ressalta a vice-diretora Luziane Müller. E faz questão de garantir que, a partir de três horas de duração, o trabalho é reconhecido como dia letivo pela legislação.
Estrago deixa rastro por todos os lados
Secretaria, direção, sala dos professores. Todos os espaços viraram sala de aula. Até o refeitório ganhou novo uso. E, como consequência, a merenda precisou ser adaptada também: agora o cardápio não inclui refeições. Apenas bolachas, frutas e iogurtes; alternativas que correspondam aos improvisos que tomam conta da Escola Elmar da Silva Costa.
Na biblioteca, ao invés de leitura e livros, o retrato mais fiel da fúria do vento que chegou a 110 quilômetros por hora naquele sábado, 29 de setembro. Quase todo o telhado e o forro foram levados. E o pior: dezenas de livros didáticos ficaram embaixo d´água. Ao invés de alimentarem o ensino, transformaram-se em lixo. Uma cena de arrancar lágrimas.
Do laboratório de informática não sobrou nada. Os 17 computadores também viraram material de descarte. Menos mal que a maioria dos equipamentos já estava sucateada; alguns nem funcionavam.
Corrida contra novos prejuízos
A lista de prejuízos cresce enquanto a instituição permanece exposta às novas pancadas de chuva. Algumas portas começam a inchar e já não fecham direito. Os pisos, de parquê, estão repetidamente encharcados e, possivelmente, precisem passar por reparos. As bancadas do laboratório de informática também revelam os novos estragos e não poderão ser aproveitadas. Sem falar nas infiltrações no andar térreo. É uma lista que preocupa a direção, que vê as perdas se agigantarem.
E esse é apenas um dos motivos para pressa. O início do ano letivo de 2019 na rede municipal de Capão do Leão está marcado: 18 de fevereiro. "Mas se as obras não estiverem prontas, não vamos começar as aulas. Não teria como continuar desta maneira", enfatiza a diretora Fátima Jansen da Silva. Mas prefere acreditar que o cronograma previsto - de dois meses - será cumprido.
Confira
- A palavra da Secretaria de Educação: O secretário Gustavo Domingues Rodrigues assegura que o começo das obras só não teria sido agilizado devido à espera para a homologação do decreto de Situação de Emergência, que só foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) na tarde da última sexta-feira. Todos os trâmites para obter a dispensa de licitação e um crédito de R$ 150 mil ao orçamento da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto já têm a aprovação da Câmara de Vereadores.
"Embora seja com dispensa de licitação, queremos fazer o processo público para abertura dos envelopes", afirma. "Queremos fazer tudo o mais transparente possível, para ficar claro que não haverá nenhum favorecimento ou esquema". A troca do telhado, o novo forro e a revisão da rede elétrica, juntos, devem custar em torno de R$ 97 mil. Os outros R$ 53 mil - dentro da margem dos R$ 150 mil - poderão ser canalizados aos custos com portas e pisos, por exemplo.
- A posição da Defesa Civil: O coordenador regional da Defesa Civil do Estado, João Domingues, confirmou a publicação da homologação no DOE, mas argumentou que a prefeitura de Capão do Leão teria demorado para inserir dados e apresentar laudos de engenharia que pudessem embasar o parecer da Defesa Civil, que acabou reconhecendo a situação de emergência.
Para a publicação, entretanto, não basta apenas o parecer favorável. A documentação ainda é encaminhada à Divisão de Convênios, em Porto Alegre, e depois enviada à Casa Civil. Há todo um passo a passo a ser cumprido.
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